KÔ ET KÔ, LES DEUX ESQUIMAUX
Mas do que fala Vieira na história que imaginou? Na realidade trata-se de uma demanda: Kô e Kô partem em busca do sol. Atravessam territórios estranhos, cruzam seres bizarros e o próprio céu se torna o destino da viagem. (...)
Se há um lado passivo na relação com o livro há, da parte de Vieira da Silva, uma vontade de subverter a relação com a história nele contada. O livro continha então duas pranchas com desenhos das personagens que deveriam ser cortados e montados. O leitor tornava-se num interveniente activo porque fisicamente passível de poder continuar a epopeia de Kô e Kô. O livro de Vieira é então um objecto em construção, uma história em acto feita a diversas vozes (e a diferentes mãos...).
Na garupa do cavalo-seis-patas Kô e Kô aguardam pacientemente. Querem seguir a viagem. A galope! Sentados numa estrela Kô e Kô apontam a luz intensa de um holofote sobre o palco. Atenção... Silêncio! O espectáculo vai começar.”
Ana Ruivo in Kô et Kô e outras histórias, Lisboa, Fundação Arpad Szens- Vieira da Silva, 2001
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